quinta-feira, julho 05, 2007
Litania
O teu rosto inclinado pelo vento;
a feroz brancura dos teus dentes;
as mãos, de certo modo irresponsáveis,
e contudo sombrias, e contudo transparentes;
O triunfo cruel das tuas pernas,
colunas em repouso se anoitece:
o peito raso, claro, feito de água;
a boca sossegada onde apetece
navegar ou cantar, ou simplesmente ser
a cor dum fruto, o peso duma flor;
as palavras mordendo a solidão,
atravessadas de alegria e de terror;
são a grande razão, a única razão.
Eugénio de Andrade
Foto:Konrad Gös
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4 comentários:
Lindo...como sempre!
Beijinhos
Lindíssimo este poema do Eugénio e como sempre uma foto a condizer.
Beijinhos
Sem palavras...eu adoro Eugénio de Andrade, mas este poema, especialmente, hoje,toca-me! Beijos.
Fantástico:)
Beijocas
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