quarta-feira, julho 25, 2007
Amar-amaro
Porque amou por que amou
se sabia
p r o i b i d o p a s s e a r s e n t i m e n t o s
ternos ou desesperados
nesse museu do pardo indiferente
me diga: mas por que
amar sofrer talvez como se morre
de varíola voluntária vágula evidente?
ah PORQUE AMOU
e se queimou
todo por dentro por fora nos cantos ecos
lúgubres de você mesm(o,a)
irm(ã,o) retrato espetáculo por que amou?
se era para
ou era por
como se entretanto todavia
toda via mas toda vida
é indignação do achado e aguda espotejação
da carne do conhecimento, ora veja
permita cavalheir(o,a)
amig(o,a) me releve
este malestar
cantarino escarninho piedoso
este querer consolar sem muita convicção
o que é inconsolável de ofício
a morte é esconsolável consolatrix consoadíssima
a vida também
tudo também
mas o amor car(o,a) colega este não consola nunca de nuncarás.
Carlos Drummond de Andrade
Foto:Gabriele Rigon
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Gostava de poder escrever assim...
O Carlos Drummond, trabalha as palavras de modo sábio!
Subscrevo os oradores:) precedentes.
Beijos.
Calor...está.
Boa noite, bjinho.
Enviar um comentário