quinta-feira, julho 19, 2007

Dois num


E se fosse consigo prezado encarregado de educação?

1. Imagine que o seu filho tinha concluído, com êxito, o ensino secundário
e tinha também obtido, no exame de acesso à Universidade, uma classificação
que lhe garantia uma entrada folgada no curso da sua escolha.
2. Imagine que, poucos dias após a boa notícia, uma nota do Ministério da
Educação redigida naquele linguajar cinzentão e enigmático que tanto fascina
os pobres de espírito, vem alertá-lo que afinal o tão desejado acesso não
está de todo garantido, já que o aluno deverá submeter-se a um inovador
sistema de pontos, de carácter retroactivo, cujos critérios o ministério
tinha acabado de definir.
3. Imagine agora que, de modo totalmente aleatório, o novo sistema de acesso
ao ensino superior do seu filho tornaria secundárias as suas notas
académicas e estaria dependente, sobretudo, da pontuação obtida nos itens
seguintes:
- assiduidade na frequência dos três anos do ensino secundário;
- comportamento;
- realização de trabalhos escritos de investigação (solicitados ou não);
- desempenho de cargos diversos (delegado, subdelegado... ).
4. Imagine que este novo sistema tinha sido cozinhado à revelia de toda a
gente, na clandestinidade dos gabinetes e iria mudar, de modo imprevisto,as
regras a meio do jogo, com a agravante de incidirem sobre itens que nunca
foram minimamente contabilizados para qualquer mecanismo de acesso à
universidade e em relação aos quais ninguém fora remotamente notificado.
5. Imagine ainda que uma investigação de um bloguista irrequieto tinha
revelado que, subjacente a todo este processo (apresentado pelo ministério
como profundamente motivador e concorrencial), estava a obsessão furtiva da
5 de Outubro em reduzir significativamente o corpo docente do ensino
superior por razões meramente contabilísticas e orçamentais, o que, em
consequência, iria exigir a redução do número de alunos a frequentar a
universidade pública.
6. (...) Pois é exactamente isto que o Ministério da Educação está a fazer a
dezenas de milhares de professores (todos eles com mais de 20 anos de
carreira) com um famigerado "concurso" para professores "titulares". E, não
contente ainda com a patifaria, decidiu também espoliar estes professores de
todo o trabalho que desenvolveram ao longo de 2/3 da sua carreira,
resolvendo contemplar e avaliar apenas os seus últimos 7 anos de serviço.
Na opinião do ministério, parece que é um processo altamente motivador e
estimulante para todos os envolvidos!!!.
Se, de agora em diante, notar que os professores se preocupam, sobretudo,
com o exercício empenhado de cargos burocráticos, administrativos e
amanuenses na sua escola, não estranhe: é que, de acordo com os critérios
pedagógicos do nosso Ministério da Educação, muito mais do que um enfadonho
acto de ensinar esses... é que dão os pontos!!!

Recebi por email e não sei o/a autor/a

CHEIRA AO MEDO DO "ANTIGAMENTE"…

O actual governo, presidido por Sócrates, é violento. Não como outros que o foram antes. Quem não recorda, por exemplo, a violência cavaquista patente, pelo menos, em dois momentos inesquecíveis em que colocou na rua a polícia para reprimir manifestantes: uma vez, no tão célebre quanto triste episódio dos "secos" e "molhados" em que a polícia carregou sobre a polícia; outra vez foi a repressão na Ponte 25 de Abril contra quem contestava o aumento das portagens.

Era a violência física usada para que não restassem dúvidas sobre o poder de quem o detinha. Uma violência que, dada a visibilidade, chamava outros ao protesto nem que fosse para contestarem a própria violência. Contestar, na altura, custaria, quanto muito, o susto de ter de fugir à polícia, mas, para isso, bastava um pouco de argúcia e alguma preparação física.

Hoje é diferente. A polícia não actua da mesma forma. Mostra-se ao longe, identifica (de preferência sem dar muito nas vistas), anda à paisana e usa câmaras de filmar. Porém, embora a polícia se mostre menos, a violência existe talvez mais perversa, pois não deixa nódoas negras na pele. É a outra violência, a que sem deixar marcas exteriores ainda dói mais, aquela que semeia o medo e, dessa forma, contribui para que atinja os seus objectivos quem dela se serve.

Casos com o da DREN/Charrua, o da ex-delegada de saúde de Vieira do Minho, o do autor do blogue Portugal Profundo, as ameaças aos potenciais aderentes à Greve Geral ou o fortíssimo ataque que está a ser movido ao movimento sindical e aos seus dirigentes são sintomáticos do tipo de violência que procura instalar-se e que contribui para a generalização do sentimento de medo.

É o medo de falar, de dar a cara, de denunciar publicamente, de dizer as verdades, de protestar, até de comentar criticamente nem que seja à mesa do café. Sim, porque agora há, de novo, os bufos. E os bufos podem estar na mesa do lado, na secretária em frente, na esquina da rua… bufam para se prestigiarem diante do poder e, talvez assim, garantirem um bom futuro, apesar da sua mediocridade. E é neste caldo de cultura que vai crescendo o medo. O medo do processo disciplinar, do sinal vermelho no registo biográfico, do traço azul no texto, do esfumar da progressão na carreira, de perder o emprego e, assim, a casa, o carro, o futuro dos filhos…

Sócrates há dias, com o seu ar presunçoso, sorria junto de quem o contestava e, para as câmaras da televisão, informava o país de que era um "político democrático", não fosse o país ter disso dúvidas. Mas será democrático o líder de um governo que fez regressar ao país a intolerância política, o delito de opinião, a violência que semeia o medo?!

Evitar que o medo se instale de vez é exigência que se coloca a todos os que acreditam nos valores democráticos. Nestas circunstâncias, lutar contra o medo não é só um direito que nos assiste, é um dever que se impõe a todos nós. É necessário que, sem medo, enxotemos os ditadorzecos que certas conjunturas promovem. Políticos que, ilegitimamente, abusam do poder que legitimamente conquistaram. São os salazarentos deste início de século XXI, sapato de verniz em vez de botas, que nem marcelentos merecem ser considerados.

Desconheço se um dia cairão de alguma cadeira, mas do poder tombarão sem glória, pois apenas os heróis são glorificados pelo povo. Quem ataca e fere os que menos têm e menos podem, jamais merecerá glória. Desses, o povo costuma dizer que "Deus nos livre deles!", mas depois é o próprio povo que perde a paciência de esperar a intervenção divina e deles se livra. Estou convencido que será assim de novo…

Mário Nogueira
Professor, Coordenador do SPRC e Secretário-Geral da FENPROF

Recebido por email

Imagem deste blog

PS:Tenho a acrescentar que a mais professoras com cancro são negadas as reformas pela Caixa Geral de Aposentações.

3 comentários:

Bernardo Kolbl disse...

Uma vergonha, realmente.
Bom dia e um abraço Wind.

Paula Raposo disse...

Uma cagada nojenta. Sem mais palavras...

andorinha disse...

É de facto, nojento tudo isto.
Como professora sei bem do que falo até porque o sinto na pele.
Já dou aulas há um bom par de anos e não me lembro de nada do género.
Tudo isto me faz recuar a outros tempos de má memória:(