quinta-feira, julho 26, 2007
Entrevista
Telefonam-me do jornal:
-Fale de amor-
diz o repórter,
como se falasse
do assunto mais banal.
-Do amor? -Me rio
informal. Mas
ele insiste:
-Fale-me de amor-
sem saber, displicente,
que essa palavra
é vendaval.
-Falar de amor? -Pondero:
o que está querendo, afinal?
Quer me expor
no circo da paixão
como treinado animal?
-Fala...-insiste o outro
-Qualquer coisa.
Como se o amor fosse
- qualquer coisa -
prá se embrulhar no jornal.
-Fale bem, fale mal,
uma coisa rapidinha
-ele insiste, como se ignorasse
que as feridas de amor
não se lavam com água e sal.
Ele perguntando
eu resistindo,
porque em matéria de amor
e de entrevista
qualquer palavra mal dita
é fatal.
Affonso Romano de Sant'Anna
Foto:Mehmet Alci
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3 comentários:
Subscrevo integralmente este belíssimo poema! Nem mais...as feridas de amor não se lavam e até nem chegam a cicatrizar. Beijos.
qualquer palavra mal dita
é fatal.
.........
magnífico!
Beijos e um resto de bom dia
O que se pode dizer do amor?
Afinal "qualquer palavra mal dita é fatal.
Beijinhos
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