segunda-feira, julho 02, 2007

Rua Trinta e Um de Fevereiro



9.

Muda o rosto fica a tristeza pequeno erro de
apenas se saber falar longos dias depois de
se nascer. Vão chegando os amigos repousam de
cais em cais sabem na voz o alimento favorito

dizem coisas impossíveis até à certeza do
nosso sorriso seu bilhete de estadia. Algo
vivo molha os lábios: nunca um deserto foi

tão sobre a praia a maré tão sobre os olhos
como nas primeiras palavras silêncio que a voz
respira com os dedos no olhar. Cresce o corpo

a incerteza: é como habitar uma jangada retirar
água à boca se os lábios choram a sede por quem
morrer perdendo as mãos? Se ainda há peixes
fugindo pelos muitos buracos da rede.

João Luís Barreto Guimarães

Foto:Vlad Mereuta

2 comentários:

Paula Raposo disse...

Belo poema!

hfm disse...

"tão sobre a praia a maré tão sobre os olhos
como nas primeiras palavras silêncio que a voz
respira com os dedos no olhar."
pontuando um extracto para te dizer o quanto gostei.