Não é música o que ouvimos.
Não é de água este brilho de prata.
Eu estou aqui sobre as pontes do rio.
Outros são os que espreitam pela bruma das margens.
Talvez me lembre:
tu vinhas devagar pelo lado das acácias.
Cingias cada árvore e as colunas, os braços de um
deus cruel, o saber dos templos.
Não é um salmo o que ouvimos.
Não é de harpas este lamento,
não é o ofício das mãos esculpindo um rosto,
não é a palavra de deus que ecoa nas escarpas.
Algures te ocultas e não deixas sinais.
Quem és tu
cujo perfil se desvanece, cuja doçura se perde nos
confins da tarde?
Eu estou aqui onde se unem as margens, onde escurecem
as sendas e as sombras,
onde correm as nuvens, as pedras, as águas.
Outros são os que te aguardam pelo lado das acácias.
José Agostinho Baptista
Foto:Ivan Isaev
7 comentários:
Querida Isabel!
Fiz um "zapping" pelos teus posts mais recentes e li material poético muito bom.
Um excelente texto de um autor que, penso, é brasileiro e um vídeo com uma conhecida e bonita canção do Elton John deram uma nota de variedade.
Obrigado pelo teu comentário a "Herança".
Deixei lá uma resposta.
Beijinhos
SEM PALAVRAS....Para o meu Poeta de eleição. Ao qual dediquei um post há dias! SUBLIME. Obrigada por o poder ler aqui também...beijos, Isabel.
Ó António...desculpa lá! O José Agostinho Baptista não é brasileiro. É português. Mas, pelos vistos, pouco conhecido...e tu Isabel desculpa dialogar através dos comentários, mas teve que ser!!!
Paula o António referiu-se ao post debaixo:)
Muito belo!
Bjs
Não conhecia este autor, mas adorei o poema. Lindíssimo.
E gostei da foto, também. Como sempre, uma bela conjugação:)
Beijos.
Lindo!
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