terça-feira, setembro 25, 2007

Feliz do que é levado a enterrar



Feliz do que é levado a enterrar,
Tão indiferente como quem nasceu!
Feliz do que não soube desejar,
Feliz, bem mais feliz do que sou eu!

Feliz do que não riu para não chorar,
Feliz do que não teve e não perdeu!
Feliz do que não sofre se ficar,
Feliz do que partiu e não sofreu!

Feliz do que acha bela e vasta a terra!
Feliz do que acredita a fome, a guerra,
Terrores imaginários de crianças!

Feliz do que não ouve o mundo aos gritos,
Feliz! Felizes todos e benditos
Os que Deus fez iguais às pombas mansas.

Reinaldo Ferreira

Foto:SAG

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Como já reparaste, quando não aprecio, abstenho-me de comentar. E este autor não é do meu gosto. Contudo, este poema, até o compreendo!! Beijos.

Fatyly disse...

Este poema leva-me sempre a dois sentimentos:
- aos ecos da guerra, da fome, da indiferença que se instala perante o inevitável...
- a todos os que são "diferentes".

É um grande poeta.

Beijos

PintoRibeiro disse...

Título lapidar Isabel.
Bom dia e bjinho.

Special K disse...

Feliz do que é feliz...
Mais uma foto fantástica.
Beijinhos