sábado, setembro 15, 2007

Mas agora que vai descer a noite na minha vida



Triste de mim mais triste que a tristeza
triste como a mão que segura o copo
como a luz do farol esgaçando a névoa
triste como o cão manco
deixado na estrada pelos caçadores

triste como a sopa entretanto azeda
mais triste que a idiotia congénita
ou que a palavra ampola

triste de mim triste e perdido
entre duas ruas
uma que vai para o Norte outra para o Sul
e ambas cortadas aos peões
que não cooperam devidamente
(com este governo de merda é claro)

triste como uma puta alentejana
num bar de Ourense
que me viu à cerveja e lesta
me chamou compadre
vozes que a gente colecciona
a tarde triste os anos tristes

a grande costura da tristeza
do esterno ao baixo ventre

triste e já sem nenhum reparo
a fazer à metafísica
senão que é um défice
porventura do córtex cerebral

Fernando Assis Pacheco

Foto:Massi Cricco

2 comentários:

Paula Raposo disse...

Implacável e soberbo Assis Pacheco!!

Fatyly disse...

Xiiiiiiii o homi está mesmo triste "com um governo de merda é claro" Antão cumpadri Assis que lhe deu mas isto vai mudar:):):):):)