quarta-feira, setembro 12, 2007

Pedro,lembrando Inês



Em quem pensar,agora,senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer:"Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem,sermos o que sempre fomos,mudarmos
apenas dentro de nós próprios?"Mas ensinaste-me
a sermos dois;e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide.Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo,ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios,mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo,para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba.Como gosto,meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar:com
a surpresa dos teus cabelos,e o teu rosto de água
fresca que eu bebo,com esta sede que não passa.Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti,como
gostas de mim,até ao fundo do mundo que me deste.

Nuno Júdice

Foto:Yuri Bonder

5 comentários:

papagueno disse...

Como é bom amar. Linda a foto. beijinhos

Gi disse...

Belíssimas as palavras de Nuno Júdice. É com muita pena que vejo o blog dele parado desde Maio. 1 ano na sua companhia soube a pouco.

beijinho

PS - a música é muito leve, sabe bem ler e ouvi-la

A. Jorge disse...

Fantásticas palavras do Nuno Judice.
Gostava de visitar o blog dele apesar de parado.
Dizes-me como lá chegar?

Abraço

Jorge

http://vagabundices.wordpress.com/

Paula Raposo disse...

Muitíssimo profundo este poema!! Beijos.

Fatyly disse...

subindo a margem em que descobri o sentido de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo que o tempo nos rouba
..........
muito profundo e tocante!
Gostei!

Beijocas