quinta-feira, novembro 09, 2006
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só
Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
Alberto Caeiro
Foto:Yuri B
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5 comentários:
As contradições pelas quais todos nós vamos passando ao longo dos momentos...Muito certo! Beijos para ti.
Querida Isabel!
Que bela selecção vim aqui encontrar mais uma vez!
E vou já roubar-te o Cântico Negro para dizer na próxima Noite de Poesia de Vermoim.
Como não sei fazer poesia, ao menos digo-a...eh eh.
Obrigado pelo teu comentário à minha (blogo)novela que está a ter uma audiência muito baixa.
Assim não dá pica!
Beijinhos
A recusa permanente do imediatismo em Pessoa!
Vejo-me nesse texto
:)
lindo!
beijinhu
Aqui está um poema de Caeiro versus Pessoa que nunca consegui gostar. Quer-não-quer-pensa-que- pensa-não-quer...uma onda melancólica que não embarco eheheheh
Jinhos
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