terça-feira, novembro 07, 2006

Ignoro o que seja a flor da água



Mas conheço o seu aroma:
depois das primeiras chuvas
sobe ao terraço,
entra nu pela varanda,
o corpo inda molhado
procura o nosso corpo e começa a tremer:
então é como se na sua boca
um resto de imortalidade
nos fosse dado a beber,
e toda a música da terra,
toda a música do céu fosse nossa,
até ao fim do mundo,
até amanhecer.

Eugénio de Andrade

Foto:Wilhelm Von Gloeden

8 comentários:

hfm disse...

E pensar que não vamos ter mais poemas seus...

andorinha disse...

Eugénio de Andrade em todo o seu esplendor! Adorei.
Beijos.

Hindy disse...

Lindo!

Um beijinho "hindyado"! :o)

Anónimo disse...

Adorei :)
Beijinho

Anónimo disse...

Como sempre o feiticeiro das palavras legou-nos um poema lindo...
E a tua sensibilidade, fez o resto...

Um bjs de boa noite

JPD disse...

Excelente
Bjs

Grilinha disse...

Eugénio de Andrade é um dos meus poetas preferidos.
Sou criticada por não gostar de ler mas tenho a certeza que lio o suficiente e sei escolher.
Este é um dos autores que tenho na minha mini-biblioteca doméstica.
Um beijinho e obrigada pelos belos textos e imagens que colocas.

Maria Carvalho disse...

Sempre lindo Eugénio de Andrade!! Beijos.