terça-feira, novembro 14, 2006

Labirinto ou não foi nada



Talvez houvesse uma flor
aberta na tua mão.
Podia ter sido amor,
e foi apenas traição.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua. . .
Ai de mim, que nem pressinto
a cor dos ombros da Lua!

Talvez houvesse a passagem
de uma estrela no teu rosto.
Era quase uma viagem:
foi apenas um desgosto.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua...
Só o fantasma do instinto
na cinza do céu flutua.

Tens agora a mão fechada;
no rosto, nenhum fulgor.
Não foi nada, não foi nada:
podia ter sido amor.

David Mourão-Ferreira

Foto:Gianni Candido

6 comentários:

Pamina disse...

Olá Wind,
E por isso mesmo, vale sempre a pena tentar. Porque "poderia ter sido". Talvez o seja da próxima vez.
Um beijinho.

Hindy disse...

Poderia ter sido... pena que por vezes seja assim.

Um beijinho "hindyado"! :o)

Maria Carvalho disse...

Um dos Poetas que mais aprecio...excelente!! Parece tão fácil escrever assim!! Beijos, Isabel.

Anónimo disse...

Que imagem brutal! Fantástica...

mfc disse...

Agradeço-te o presente de David Mourão Ferreira.

Fatyly disse...

Um post magnífico!