terça-feira, janeiro 03, 2006

Noite única noite singular impressa



Noite única noite singular impressa
consagração das chuvas e das flores violadas

dos pássaros algemados em voo
dos silêncios por amor à voz

das alquimias pobres alquimias de oiro
das turbinas de aço onde as espadas escorrem

crescem árvores mais definitivas
pálpebras trémulas da noite

é o muro que eu recrio a cal sem vazios diários
todos de verdade nós todos férteis salvos

todos veias claras nós sementes
nós o susto fecundo de vivermos
nós os números e as letras e os desenhos

ah matem-me de noite punhais híbridos
sentinela das fronteiras extintas
sentinela última da noite

Luiza Neto Jorge

Foto: José Marafona

1 comentário:

Unknown disse...

Menina que belo poema, adorei tá fantástico. Beijinhos