quinta-feira, janeiro 05, 2006

Homem transportando o cadáver de uma mulher



Quis-te tanto que gostei de mim!
Tu eras a que não serás sem mim!
Vivias de eu viver em ti
e mataste a vida que te dei
por não seres como eu te queria.
Eu vivia em ti o que em ti eu via.
E aquela que não será sem mim
tu viste-a como eu
e talvez para ti também
a única mulher que eu vi!

Almada Negreiros

Foto:Sasha Hüttenhain

6 comentários:

Fátima Santos disse...

uf!complicado isto de "olhares" :)
Os teus pots são uma maravilha! Um grande beijinho e ao mesmo tempo que te peço aceites as desculpas por não assiduidade, agradeço a tua presença continuada e serena!

Maria disse...

Não conhecia! "eu vivia em ti o que em ti eu via.." Tantas vezes acontece este ver o que só nos queremos!
Beijos para ti.

Night disse...

Tive que ler 3 vezes para entender, mas gostei do sentido :) muitos beijinhos e um bom ano ;)

eli disse...

Um poema de Mestre Almada!
E mais não ouso escrever.

Parrot disse...

Já conhecia, gosto muito.

Faz-me bem vir aqui

Beijo

Amélia disse...

Se é que o poema se dirige a Sarah Afonso, convém não esquecer a distância que vai do que se diz (neste belíssimo poema) do que se faz: durante algum tempo, Almada impediu Sarah de pintar (aqui para nós: não fosse fazer-lhe concorrência na própria cas...).Enfim, desta história resta um poema bonito- e a ideia de que «la femme est l«avenir de l'homme» de Aragon,«le fou d'Elsa»
(nunca entendi bem se este era um verso feminista ou o seu contrário...)