segunda-feira, janeiro 23, 2006
Composição sobre a ideia do Espírito Santo
nada pode haver de mais
esplêndido
para os terminais acesos
dos sentidos
para os circuitos dourados
do cérebro,
onde cintilam
permanentemente
galáxias longínquas,
do que o som
deste órgão invisível
quando se ergue
poderoso
como a voz de Deus
do interior negro
das naves
fazendo dilatar
as abóbadas
em plena noite,
na mais total solidão,
provocando a inesperada
surpresa,
a subida
- de coluna a coluna,
de arcada a arcada,
ao longo do corpo
do edifício magnífico -
de todos os princípios
da arquitectura
erguidos pelos compassos
do Espírito Santo.
oh óleo brilhante
que lubrificas
e unges
este delírio
entre biliões
de lanternas
aéreas
resplandesces
do odor
do cosmos
quando o rubor
das faces exaltadas
de todas as imagens
postadas
em adoração
ao seu próprio êxtase
atinge o auge
ah,
não há tacto,
nem língua,
nem verbo
por mais sábios,
que se igualem ao modo
como esta música
acaricia a cintura
das talhas,
há séculos suspensas
do momento sensível
em que a mão do Senhor
se acercará.
música
de uma limpidez tal
que perfura até
os olhos azuis
da eternidade
insinuando-se
por entre forros
dobras, escaninhos,
com a astúcia
do pequeno rato,
em cuja energia
imperceptível
se simbolizam todas
as criaturas.
asperge
de sémen puro
perpetuamente
estes lugares ermos
numa ascensão miraculosa
contra a gravidade;
brota, sagrada água,
do interior vaginal
secreto,
consuma a cópula
das espécies mais nobres,
onde cintila o ouro.
e grita
em efervescências de luz
esta apoteose
dos grenás,
estas dobras
dos veludos,
este ininterrupto
derrame
pelas escadarias;
lá onde a pomba
rasteira
tremula desde o início
do universo
no nervosismo
das asas
Vítor Oliveira Jorge
Porto, início do ano de 2006.
Tela:Salvador Dali
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4 comentários:
Muito bonito mesmo. Beijo
Wind,
Apenas para desejar boa semana
Beijo
Um tema interessante e tratado de uma forma muito bonita.
p.s. boa malha... a música :)
se essa música falasse... estava lixado :)
Belíssimo!
Bjs
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