domingo, janeiro 29, 2006

Gazel I (Do amor imprevisto)



Ninguém compreendia esse perfume
da escura magnólia de teu ventre.
Ninguém sabia que martirizavas
um colibri de amor entre os teus dentes.

Mil eram os potros persas que dormiam
na praça com luar de tua fronte,
enquanto eu quatro noites enlaçava
tua cintura, inimiga da neve.

Entre gesso e jasmins, o teu olhar
era um pálido ramo de sementes.
Eu busquei, para dar-te, no meu peito
as letras de marfim que dizem sempre.

Sempre, sempre: jardim desta agonia,
teu corpo fugitivo para sempre,
o sangue de tuas veias em meus lábios,
teus lábios já sem luz p’rá minha morte.

Frederico García Lorca

Foto:Yuri B

4 comentários:

Maria Carvalho disse...

Eu digo que é um poema sublime!

Anónimo disse...

Lorca!Gosto das tuas escolhas...o teu olhar...sorri,divino,mesmo!!!
um beijo
margarida

Maria disse...

Garcia Lorca. Uma excelente escolha. Gostei de te conhecer, apesar do pouco q falámos. Jà era tempo de conhecer a pessoa q quase sempre me comenta em primeiro lugar :-)
Para a próxima havemos de falar mais.
Beijos para ti.

Anónimo disse...

Já li muitos de Lorca, mas este nao conhecia! Obrigado por me dares a conhecer! Beijos