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O desejo do corpo é entrar em si mesmo
e de onda em onda ser uma onda só
que se liberta de todas as amarras
e abre as suas rígidas comportas
Longo subtil e macio é esse gozo
de um túmido movimento que desagua no delta
da nudez extrema em que o corpo encontra
o seu próprio corpo como se fosse um outro
A palavra não pode encontrar-se a si mesma
como se fosse de si mesma outra
porque ela não é um corpo e mesmo quando se despe
a sua nudez é só o anúncio de um corpo inatingível.
António Ramos rosa
Imagem retirada do Google
3 comentários:
Muito havia para dizer sobre o desejo do corpo.
Mas António Ramos Rosa já disse bastante.
;)
E essa é a verdade da nudez. Gostei.
Imensamente belo e sonante. Gostei imenso!
Beijocas
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