"Um ovo não é uma galinha porque não tem vida. Um feto tem vida? Penso que sim. Pessoalmente sou contra o aborto, mas ainda sou mais contra a penalização criminal das mulheres que o façam.
Não creio que, pelo facto de deixar de ser crime, o número de abortos aumente. Poderá sim melhorar as condições em que são feitos. Poderá minimizar o risco para as mulheres que decidirem fazê-lo.
Por isso, embora seja a favor da vida, o meu voto é SIM"
Opinião de Adolfo Luxúria Canibal (vocalista dos Mão Morta), enviada para a mailling-list dos Mão Morta.:
Ena, que grande confusão vai por aí!...
Um feto é um ser humano? E um girino, é uma rã? E um ovo, é uma galinha? E o
pai natal existe? Podes acreditar no que quiseres e actuar em consonância
com o que acreditas, não obrigues é os outros a acreditar no que tu
acreditas. A idade média e a inquisição já eram (espero eu)...
Uma vitória do sim não vai obrigar ninguém a fazer abortos, pelo contrário
vai dar a possibilidade a toda a gente de actuar livremente segundo a sua
consciência. Vai possibilitar que uns não sejam penalizados pelo
fundamentalismo de outros. Achas que um feto é um ser humano: tens toda a
legitimidade para achar isso e para actuares em conformidade, não tens é
legitimidade para me impores que eu ache a mesma coisa e para que eu actue
conforme tu achas - e isso é o não, uma forma de uma crença particular
continuar a impor-se sobre toda uma sociedade!
Nunca conheci ninguém que gostasse de abortar (e conheci muita gente que o
fez...), é das decisões mais terríveis e dolorosas que se pode tomar.
Acrescentar à dor dessa decisão a clandestinidade, com o inerente perigo de
vida (conheci várias pessoas, incluindo amigas, que morreram por sequelas de
aborto) e a ameaça de prisão, para si ou para quem a ajude (também conto
entre os meus amigos pessoas que passaram anos na prisão por terem, de
alguma forma, ajudado na prática de aborto, e eu próprio incorri várias
vezes nesse crime, inclusivé com participação directa no acto abortivo -
havendo falta de dinheiro para recorrer a clínicas clandestinas mais
sofisticadas, improvisava-se a clínica no quarto - é isto o sórdido da
clandestinidade), é, no mínimo, uma crueldade gratuita e malévola. É
inquisição no seu pior! É, mais uma vez, mandar a mulher-bruxa-demónio para
a fogueira.
Deixemo-nos de jogos de semântica! O que está em causa é se devemos ou não
continuar a castigar penalmente e fisicamente aquelas (e aqueles) que, por
qualquer motivo - doloroso, sem dúvida - tiverem que recorrer a uma
interrupção da gravidez. E a minha resposta é não! Não temos o direito de
castigar essas pessoas.
O meu voto é sim, e seria sempre sim fosse qual fosse a pergunta a referendo
desde que possibilitasse qualquer avanço civilizacional na liberalização do
aborto.
Adolfo LC
PS:Recebi por mail, coloquei porque conheço e fui com amigas assistir a alguns abortos clandestinos. Sei perfeitamente como são feitos, como acordam e como ficam fisica e psicologicamente.
13 comentários:
O Adolfo no seu melhor.Acho que vou "roubar", posso? Beijos
Claro:)
ola wind
vim deixar um grande ola.
E domingo la vamos a votos.
beijinhos
SIM!
Pois claro!
sem qualquer dúvida: SIM!
Gostei do que li!
Beijos
????????????intimo????????????????
Não percebo o teu comentário poetaeusou.
Excelente, Wind! Claro como a água.
Um beijo.
Wind
Apenas assumo,devido ao melindre da
razão do referendo, que a decisão, na minha opinião, deveria ser intima, sem partidos nem religiões.
Vou votar sim, mas, não mudo do
acima exposto.
os meus respeitos
SIM , sem qualquer dúvida!
Beijos.
Claro. Beijos.
obvio
jocas maradas
11 de Fevereiro de 2007
14:27
Eu já votei SIM.
(mas a afluência está a ser muito baixa; esperemos que não...)
Beijinhos
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