quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Amor bucólico em Bocage


Pierre Auguste Renoir

1

Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre flores?

Vês como ali beijando-se os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!

Naquele arbusto o rouxinol suspira;
Ora nas folhas a abelhinha pára,
Ora nos ares sussurrando gira:

Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.

2

Já se afastou de nós o Inverno agreste
Envolto nos seus úmidos vapores;
A fértil Primavera, a mãe das flores,
O prado ameno de boninas veste.

Varrendo os ares, o sutil Nordeste
Os torna azuis; as aves de mil cores
Adejam entre Zéfiros e Amores,
E toma o fresco Tejo a cor celeste.

Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo.

Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quanto me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!

3

O ledo passarinho, que gorjeia
D’alma exprimindo a cândida ternura;
O rio transparente, que murmura,
E por entre pedrinhas serpenteia;

O Sol, que o céu diáfano passeia,
A Lua, que lhe deve a formosura,
O sorriso da Aurora, alegre e pura,
A rosa, que entre os Zéfiros ondeia;

A serena, amorosa Primavera,
O doce autor das glórias que consigo,
A Deusa das paixões e de Citera;

Quanto digo, meu bem, quanto não digo,
Tudo em tua presença degenera,
Nada se pode comparar contigo

Bocage

9 comentários:

poetaeusou . . . disse...

PARA VÓS / Jacky e Wind
O autor aos seus versos

Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura,
Urdidos pela mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:
Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecimento a sepultura;
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados:
Não vos inspire, ó versos, cobardia
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente voz e tirania:
Desculpa tendes, se valeis tão pouco,
Que não pode cantar com melodia
Um peito de gemer cansado e rouco.
in)bocage

Su disse...

jocas maradas para ambas...as mais maradas são para a wind.....melhoras turbo...........

papagueno disse...

Bocage, Renoir e U2 gosto da combinação. Um grande beijinho para a Jacky e outro para a Wind com os votos de rápidas melhoras

JPD disse...

Claro que Bocage escrevia e compunha poesia exemplarmente.
Bjs

spring disse...

Olá!

se gostam de cinema venham visitar-nos em

www.paixoesedesejos.blogspot.com

todos os dias falamos de um filme diferente

Paula e Rui Lima

Delfim Peixoto disse...

Cada dia que passa passao teu/vosso toque no meu coração, mas não passa nem deixa de tocar
jnhs

Maria Carvalho disse...

Gosto de Bocage!! Beijos para ambas.

Hindy disse...

Um beijinho especial para a Wind! :o)

Fatyly disse...

Bucólico, muito bucólico!

Bom fim de semana e beijos Jacky e Wind