sexta-feira, fevereiro 09, 2007
Eu em Descartes
Choro,
existo, logo, choro
E minhas lágrimas
se confundem
com a chuva, lá fora
Choro,
existo, logo, choro
Observo
o flamboyant florido
em meio à avenida
no entardecer
e carros
trespassantes
Observo mesmo
minhas veias
em fuligens
chamando de cór
meu coração
Choro,
existo, logo, choro
Lá,
aos longes,
um ipê todo roxo
em meio a prédios
insistente
- natural das
camadas e do
ozônio,
elo perdido
da natureza
Choro,
existo, logo, choro
Nos prédios
tantos,
solidões,
solidões compartilhadas
e ninguém,
no vazio
Choro,
existo, logo, choro
A noite me
cobre
com seu véu
de verdade:
Eu, meu copo e meu cigarro.
Minha música
minhas contas
meus papéis
minhas cartas
- que dizia
não esperar resposta
e meus gestos
transviados
no olhar alheio
Existo, logo.
Minhas lágrimas
dissolvem-se
por dentro
confundidas
nas veias
com a fuligem
Existo logus,
logo,
Bem locus.
Locus moralis minimus.
Locus ethos,
logo,
ethos sum.
Ergo...
Carlos Alberto de Almeida Dias
Foto:Oleg Gedevani
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9 comentários:
Este, dele, também é fantástico:
falocrático
E vejo o colo
o calo que
me persegue
Calo então o colo
que me
abriga
Colo gestos
e falas
Calo e sinto
a falta
do colo
Lugar onde
não
me abrigo
Exposto
falo do falo, calo do colo,
num falar tão belo
Falo
e não calo
que se faz meu falo
UM ABRAÇO e parabéns pela sensibilidade sempre aqui presente.
Obrigada:)
Estive indecisa entre esse e este;)
Gostei muito! Idem do que o ze lerias transcreveu. A foto linda. Beijos, Isabel.
Outra forma de poetar.
Bom fim de semana Wind.
Cogito, ergo sum.
bjs)
Só vim dar um bjinho. A sério, espero, para a semana. Sem Descartes.
Não conhecia este poeta.
Agradável surpresa pois sabe manejar muito bem as palavras.
penso -logo exílio.........
.....pois
jocas maradas
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