sexta-feira, abril 28, 2006
Um dia
Um dia eu vou fazer um romance
com as histórias da minha rua
antes de se chamar Silva Porto
e os pretos irem embora.
Vai entrar a lua e meninos sem cor
a Domingas quitata, o sô Floriano do talho
com muita mistura de amor
e muito suor de trabalho.
Vou meter as cabras e os cães vadios da velha Espanhola
os batuques da Cidrália e dos Invejados,
os batalhões do "Treze" e do "Setenta e Quatro",
o bêbado Rebocho, o velho Salambio',
a Joana Maluca da garotada,
cajueiros, cubatas, lixeiras,
capim e piteiras,
e mesmo no fim da história,
quando os homens estão desesperados
e as fardas passam em fila,
acendo um sol de Fevereiro,
semeio algumas esperanças
e parto com o meu veleiro
a dar uma volta ao Mundo!
António Cardoso(Angola)
Imagem daqui
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3 comentários:
Muito lindo, e então para mim, que cresci em Moçambique, este poema vindo de Angola diz-me muito.
Bom fim de semana, um beijo.
:)
Também a mim estas palavras fazem-me lembrar as histórias sobre Angola que estou sempre a ouvir dos meus pais. Sáí de lá com 4 anos não me lembro de muita coisa.
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