domingo, abril 23, 2006
Soneto
Esbelta surge! Vem das águas, nua,
Timonando uma concha alvinitente!
Os rins flexíveis e o seio fremente...
Morre-me a boca por beijar a tua.
Sem vil pudor! Do que há que ter vergonha?
Eis-me formoso, moço e casto, forte.
Tão branco o peito! - para o expor à Morte...
Mas que ora - a infame! - não se te anteponha.
A hidra torpe!... Que a estrangulo! Esmago-a
De encontro à rocha onde a cabeça te há-de,
Com os cabelos escorrendo água,
Ir inclinar-se, desmaiar de amor,
Sob o fervor da minha virgindade
E o meu pulso de jovem gladiador.
Camilo Pessanha
Foto:Maury Perseval
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3 comentários:
O Camilo Pessanha, sempre me fascinou pela sua filosofia e excentricidade, sempre tentei descobrir mais deste escritor, a dependencia do opio, as viagens, a poesia a vida solitaria, desperta a curiosidade, isso tudo junto, fez deste homem um simbolo para outros portugueses.
Parabéns por este soneto do Camilo
Esta música é bastante relanxante, comecei logo a bater no tampo da mesa, boa escolha!!!!
vim ler-te e ler a poesia que vais partilhando com as tuas maravilhosas escolhas, vim alimentar a alma, li e encantei-me, belo sempre o que nos deixas
ainda não consigo estar de volta para postar, mas adoro visitar-vos,
aproveito para agradecer todo o carinho que senti, espero estar de volta logo que possível, tenho saudades
beijinhos muitos para ti linda Isabel
lena
Gosto muito de Camilo Pessanha. E a imagem não podia ter sido melhor escolhida! Uma boa semana para ti, e um bom 25 de Abril.
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