sexta-feira, outubro 17, 2008

À beira de água



Estive sempre sentado nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha o coração
magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor. Até o nosso,
tão feito de privação.) Estou onde
sempre estive: à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.

Eugénio de Andrade

Foto:Richard Larrios

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Divinal este poema de Eugénio de Andrade! Adorei! Muitos beijos e um bom fim de semana para ti, que tão belos momentos me proporcionas.

Fatyly disse...

E enquanto correr a água da bica, devemos amar a vida apesar de por vezes doer bastante.
Um magnífico poema.

Um resto de bom dia*****

Lola disse...

Wind,

"Escutar o silêncio..."

Belo poema

Beijos