terça-feira, outubro 28, 2008

Ainda te levarei



Ainda te levarei
Amor
Para comer nozes frescas
Na montanha
E pendurar cerejas nas orelhas
Como se fossem flores
Ou rubis.

As nozes
Meu amor
Mancham os dedos
E são verdes e exatas
Como ovos
Mas as cerejas
Ah! As cerejas
São quando a cerejeira sua
Seu manso sangue.

ainda te levarei àquela casa
onde floriam lilases
e serpentes tão claras quanto a água
deslizavam ao pé das macieiras.
te mostrarei três lagos
no horizonte
três queijos maturando
numa adega
três lesmas
escondidas sob um vaso.
estará tudo lá
à nossa espera
morangueiras quebradas
lagartixas.

Só não estará meu medo
de menina
aquele mais escuro que os ciprestes
ecos no mato passos sobre a ponte
garras na saia vento nos cabelos
e o latejar das veias repetindo
estou sozinha
e ninguém me salva.

Marina Colasanti

5 comentários:

Márcia Maia disse...

Lindíssimo poema. Eu tenho alguns livros dela, mas não conhecia este.

Um beijo por ele, então.

Paula Raposo disse...

Não conhecia a autora nem o poema. Obrigada pela partilha. Aprendo sempre, por aqui...beijos.

Fatyly disse...

Também não conhecia e achei um poema fresquinho e cheio de ternura.

Ahhhhhh que foto tão deliciosa, hummmm :):):)

Beijocas e um resto de dia com menos vento...aiiiii que lá se vão os lilases e as cerejas:)

peciscas disse...

Mas as cerejas.
Ah as cerejas!

mfc disse...

As cerejas de Maio... as cerejas de sempre!