sexta-feira, junho 20, 2008

Soneto



Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazio a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.

Gregório de Matos

Imagem daqui

6 comentários:

António disse...

Olá, Isabel!
Um soneto bem satírico sobre o poder do dinheiro ou da riqueza material ou da vilania.

Estes textozinhos que tenho escrito são só para ir mantendo o blog com vida.
(agora ando mais preocupado em publicar)

Beijinhos

papagueno disse...

Podia dedicar este soneto a tanta gente mas tu já o fizeste ao pior de todos ;)
Bjks

peciscas disse...

Certeira!

Fatyly disse...

Tal e qual e não podias ter escolhido melhor foto!

Um abraço

Nilson Barcelli disse...

Somos um país de chico-espertos...
O poema foi uma bela escolha.
O da foto vai fazer de Robin dos Bosques com as petrolíferas... será que faz mesmo?

Bfs, beijinhos.

Paula Raposo disse...

Bestial soneto com uma fotografia bem escolhidíssima!! Adorei este post!