sexta-feira, junho 20, 2008

O corpo exige



Presto distraída atenção ao meu corpo.
O que me pede, eu faço.
Às vezes, não entendo logo suas ordens, mas
cedo sempre.

Me achego a ele e indago:
-O que queres? Ah, é isso? Então, concedo.
Sempre que eu resisti
um de nós saiu-se mal.

Nas 24 horas do dia, ele pede,
e quando cala, fala
num discurso de sonhos
que me abala.

Ele sabe. Eu sei que ele sabe,
e sabe antes de mim, e nele
eu sei dobrado, sou um-e-dois
como os dois cortes de um sabre.

Affonso Romano de Sant'Anna

Foto:Gianni Candido

2 comentários:

Alien8 disse...

Aquele cão é assustador!!!

O poema não!

Um beijinho, Wind!

Paula Raposo disse...

Tão fantástico poema!! Lindo! Adorei.