sábado, novembro 24, 2007
Mar e Lua
Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar
E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepio
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Rolando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia
E à beira-mar.
Chico Buarque
Foto:Elena Vasilieva
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6 comentários:
...e voltaste em GRANDE...
Parabéns
beijinhus
:))))
Grande Chico! Não me lembro da canção mas a letra é linda.
beijocas
wind um voltar especial e tão belo
continuas a dar-nos doces sabores em palavras
a poesia é sempre muito bem escolhida , mesmo musicada
estar aqui é sempre um prazer
e ainda bem que já estás
um abraço meu, carregado de carinho
beijinhos para ti
lena
Gosto do que o Chico Buarque escreve.
Aste poema não foge à regra.
A foto que escolheste é perfeita.
Vejo que voltaste em forma. Ainda bem.
Bom fim-de-semana, beijinhos.
Gosto da escrita do Chico! Desde sempre...um prazer voltar aqui, Isabel.
Chico no seu melhor:) Boa escolha!
Beijocas
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