domingo, novembro 25, 2007

Amar dentro do peito...



Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janela:

Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.

Manuel Maria Barbosa du Bocage

Foto:Stanmarek

3 comentários:

papagueno disse...

"Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos"...
Só mesmo o grande bocage, belo soneto.
Beijocas e boa semana

Paula Raposo disse...

Às vezes gosto, outras vezes não, do Bocage. Este foi bem escolhido...

Fatyly disse...

O Bocage tem poema girissimos e tantos proibidos no tempo da outra senhora:)
Boa escolha!

Beijocas