quarta-feira, novembro 14, 2007

Guardador de rebanhos II



O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro

Foto:Regina Lopes

PS:Ainda fora de casa com acesso restrito à net deixo-vos estes dois poemas. Fiquem bem:)

8 comentários:

Special K disse...

Apesar do acesso restrito continuas a escolher bons poemas. Beijos.

Isabel Filipe disse...

adoro este poema...


beijinhos para ti

Paula Raposo disse...

"Eu não tenho filosofia: tenho sentidos." É isso.

Hindy disse...

Tudo de bom para ti!

Beijinho hindyado

Alien8 disse...

Com estes poemas e respectivas imagens ficamos, com certeza, muito bem.

E tu? Como estás?

Um abraço, Wind.

andorinha disse...

Obrigada pelos poemas.
Fica bem, também:)
Beijos

wind disse...

Estou melhor, em princípio para o final da semana que vem já estou em casa:)
Beijos

Fatyly disse...

Sempre gostei muito deste poema e a foto é um espectáculo.

Continuação de um olhar em frente, acreditar e viver um dia de cada vez. Força!

Beijos sinceros