terça-feira, julho 27, 2010

O encontro



Como se um raio mordesse
meu corpo pêro rosado
e o namorado viesse
ou em vez do namorado

um novilho atravessasse
meus flancos de seda branca
e o trajecto me deixasse
uma açucena na anca

como se eu apenas fosse
o efeito de um feitiço
um astro me desse um couce
e eu não sofresse com isso

como se eu já existisse
antes do sol e da lua
e se a morte me despisse
eu não me sentisse nua

como se deus cá em baixo
fosse um cigano moreno
como se deus fosse macho
e as minhas coxas de feno

como se alguém dos espaços
me desse o nome de flor
ou me deixasse nos braços
este cordeiro de amor.

Natália Correia

Imagem retirada do Google

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Belo, belo!!
Beijos.

polittikus disse...

Para mi há dois grandes poetas portugueses, que me perdoêm os outros um é ARY DOS SANTOS a outr a é NATÁLIA CORREIA...

Fatyly disse...

A obra desta poetisa é genial!

Beijocas

Anónimo disse...

Natália Correia?
Nas veias corria-lhe sangue de artista, de escritora, de mulher.

Lindo!