sexta-feira, julho 16, 2010

Tango



Um tango na vitrola um vermute
à meia-luz na sala
promessa de pecado e de desfrute
mas inda se cala

aberto até acima do joelho
revela-se o vestido
decote debruado de vermelho
como prometido

e a mão conduz a mão até a dança
desliza no cabelo
daí ao colo à boca ao corpo e avança
mais — sem atropelo

e agora o que era dança beijo seja
e o que se oferecia
tomado e repartido se anteveja
como apetecia

(...)

manhã terno e vestido em desalinho
a um canto do sofá
um corpo noutro corpo faz seu ninho
— o que mais falar?

Márcia Maia

Pintura retirada do Google

3 comentários:

Fatyly disse...

Melodioso e gostei muito!

Beijocas

Anónimo disse...

Tango, a dança triste como muita gente lhe chama.

Bom texto.

Paula Raposo disse...

Muuito bonito poema. Gostei.
Beijos.