terça-feira, abril 03, 2007

Mas que sei eu



Mas que sei eu das folhas no Outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono
Nenhum súbito súbdito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha.

Ruy Belo

Foto:Yuri B

3 comentários:

poetaeusou . . . disse...

Obrigado wind
sei que não foi a 1ª vez, mas nunca, agradeci, o meu preferido.
Ruy Belo deu a beber a sua poesia,
num jornal desportivo A Bola.
impensável nos finais de sessenta.
/
fins de fevereiro, saí para te esperar. vi folhas novas num arbusto da alameda-isso mesmo.
aquele que dá os copos, que á noite cheiram alto - e senti-me rejuvenescido. voltei para casa
e até me esqueci de ver o correio.
in) ruy belo.
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ji)
/

papagueno disse...

Ele deu aulas na Ferreira Dias no Cacém, claro que já não foi no meu tempo, não sabia que tinha escrito poesia na Bola. beijinho

Maria Carvalho disse...

Excelente! Adoro Ruy Belo como já aqui disse. Sempre.