sábado, novembro 20, 2004

Para o meu coração




Para o meu coração basta o teu peito
para a tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a sua alma.

És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência
Eternamente em fuga como uma onda.

Eu disse que no vento ias cantando
como os pinheiros e como os mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma viagem.


Acolhedora como um velho caminho.
Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam na tua alma.


Pablo Neruda

Foto:Margarida Diniz

2 comentários:

lique disse...

A beleza inigualável das palavras de Pablo Neruda. Lindíssimo. Fico com ele a embalar a minha noite. beijinhos

mar revolto disse...

Parabéns pela escolha!
Pablo Neruda é sempre um bálsamo para a alma!
Beijo