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Por aqui vou sem programa,
sem rumo,
sem nenhum itinerário.
O destino de quem ama
é vário,
como o trajecto do fumo.
Minha canção vai comigo.
Vai doce.
Tão sereno é seu compasso
que penso em ti, meu amigo.
-Se fosse,
em vez da canção, teu braço!
Ah, mas logo ali adiante
-tão perto!-
acaba-se a terra bela.
Para este pequeno instante,
decerto,
é melhor ir só com ela.
(Isto são coisas que digo,
que invento,
para achar a vida boa...
A canção que vai comigo
é a forma de esquecimento
do sonho tornado à toa...)
Cecília Meireles
Foto:Victor Melo
1 comentário:
Que bom ir sem programa, sem rumo, sem nenhum itinerário! Sem amarras. Mais um belo poema. Beijinhos
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