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Bebeste-me de um trago
ou pausadamente
como quem testemunha um desastre?
As flores suadas que outrora
pontuavam a fita do teu rosto
arrepanham-se agora inférteis.
Deves regá-las delicadamente
como era hábito fazer às madeiras fúteis
onde os corpos reabilitavam a sede.
Ornatos, nichos reservados aos olhos
mais fulgentes, de tudo isso guardo
apenas o sumo demorado da pele.
Bebeste-me de um trago,
perguntei, ou pausadamente
como quem se evapora de si?
Vasco Gato, in"Este é o Meu Sangue", pág.21, Tea For One, 2012
Imagem retirada do Google
3 comentários:
Não conhecia e embora um pouco complexo...gostei!
Beijocas
É mesmo caso para dizer: aqui há Gato!!!
:)
I liked.
Beijo
Por vezes, não sabemos o "uso" que os outros fazem de nós.
Magnífico poema, foi uma boa escolha.
Bom domingo.
Beijo.
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