quarta-feira, março 29, 2006

Lisboa



Como estrela profunda sem pontas
vigias os sonos
com os teus olhos de mãe
numa doce penumbra
que nos toca e respira
e no incerto peito brilhas sempre
uma esperança
um fado de embalar
num murmúrio que cala
Tocas-nos como um arrepio
nesse olhar cristalizado
estendido sobre a distância dos telhados
Tens-nos neste engano suspensos
nesta plataforma de incêndios
reflectidos no brilho dos azulejos
sempre que as ruas trazem
noites que voam
como sonhos que mentem
Que se não toque sequer na notícia
da tua boca fria
onde a carícias que determinas
janelas se arrebatam em ondas
na ausência do Tejo
e o silêncio que desce do céu
onde te adormentas
se faz interromper cercando as tardes

João Martim

imagem daqui

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