sábado, março 11, 2006

Escritas na água



Para que fogueira nos leva esta marcha
indecisa?
Que significam os breves sinais vacilantes,
vivos, no intervalo de duas ondas?
Ah! Estas cintilações escritas na água:
-Luzes de um vórtice que se abre a cada passo.

Que maravilhas, iremos acordar, mais longe,
enlaçados, no meio das ervas ralas?

Sobre o oceano, o cheiro, (o toque) salino dos
corpos,
a exaltação transmutada, face ao céu escarlate,
a tentação do dia ao rubro - E tu sossegas.

Corre-te uma gota de suor pela face
adormecida,
aparo-a, ao de leve, com os lábios.
Como uma sombra silenciosa,
vou descobrindo os teus seios.

Não, não despertes,
quero sentir apenas o teu respirar pausado,
fixar-te a silhueta, contra a areia à solta.

Poema:Manuel Filipe

Foto:Yuri B

2 comentários:

Menina Marota disse...

A suave sensualidade, num poema belo. Gostei da escolha.

Um abraço e bom fim de semana ;)

Maria disse...

O tal q editou um livro agora há pouco tempo. Gostei. Lá terei q encomendar...
Beijos e bom fim de semana