sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Que poderei de mim mais arrancar



Que poderei de mim mais arrancar
P'ra suportar o dom da tua mão,
Anjo rubro do vento e solidão
Que me trouxeste o espaço,o deus e o mar?

No céu, a linha última das casas
É já azul, alada, imensa e leve.
Nenhum gesto, nenhum destino é breve
Porque em todos estão inquietas asas.

Depois ao pôr do sol ardem as casas,
O céu e o fogo passam pela terra,
E a noite negra vem cheia de brasas
Num crescendo sem fim que nos desterra.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Imagem retirada do Google

3 comentários:

polittikus disse...

Post anterior: A dor da morte, é a dor mais estúpida e dolorosa de sempre.
Este Post: Um belo poema da imortal S.M.B.A.

jorge vicente disse...

e se na promessa última

essa força se encerra

é porque o humano rebelde é

assinando de frente o seu centro.

jorge vicente

Fatyly disse...

Uma bonita homenagem ao jovem que partiu e as minhas condolências à tua amiga.

Este poema de Sophia tem dois versos cheios de TUDO:

"Nenhum gesto, nenhum destino é breve
Porque em todos estão inquietas asas."

Beijos e um resto de boa noite