terça-feira, fevereiro 23, 2010

Quando



Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Cantinuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão de bailar
as quatro estações à minha porta.

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Imagem retirada do Google

4 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Não é fácil falar em poesia da nossa própria morte...
Mas a Sophia fá-lo com uma naturalidade e uma distância que tornam este poema excelente.
Parabéns pela escolha, querida amiga.
Uma noite boa para ti, com bons sonhos, de preferência.
Um beijo.

Fatyly disse...

Não conhecia este poema e como Sophia era tão alegre e (e)terna ao descrever a vida como a morte.
Gostei muito e a foto é lindissima.

Beijocas

Paula Raposo disse...

Quanta verdade!!
Beijos.

Politikus disse...

Já conhecia, este poema. continua a "assustar-me."