quinta-feira, abril 01, 2010

Há uma mulher que desenrola os seus cabelos nas sílabas



Há uma mulher que desenrola os seus cabelos nas sílabas
E perfuma-as com o odor da sua lenta vulva
Ela tanto pode ser uma fêmea da lua com uma rapariga solar
Nas suas ancas ondula um indolente Outono e nos seus seios desponta a primavera.
Eu vejo-a e não a vejo na brancura da página
porque ela flutua vagamente na distância como uma lua no meio-dia
Mares bosques clareiras fontes em delicadas e delgadas linhas
Flúem com o fulgor dessa mulher azul
As palavras caminham com o ritmo fresco dos seus pés descalços
Sobre uma praia fulva de conchinhas brancas
O seu hálito doce embriaga as leves sílabas
E a doçura do seu lábio impregna as frases nuas
Ela é a presença ausente corpo de aragem viva
E a sua felicidade é tão vaga como vaga a sua longínqua imagem

António Ramos Rosa

Imagem retirada do Google

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Lindas as palavras ondulantes desta mulher/imagem!
Beijos

Politikus disse...

Gostei do poema. Adorei a foto...

Fatyly disse...

Um hino à mulher e achei-o lindissimo!

Beijocas

Aníbal Duarte Raposo disse...

Lindo de morrer.
Beijos e Boa Páscoa.