terça-feira, abril 06, 2010

Gaiola de vidro



Como paredes
através das quais
o mundo vemos pelo ser dos outros
quem vamos conhecendo nos rodeia
multiplicando as faces da gaiola
de que se tece em volta a nossa vida.

No espaço dentro (mas que não depende
do número de faces ou distância entre elas)
nós somos quem somos: só distintos
de cada um dos outros, para quem
apenas somos a face em muitas,
pelo que em nós se torna, além do espaço,
uma visão de espelhos transparentes.

Mas o que nos distingue não existe.

Jorge de Sena

Imagem retirada do Google

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Uma realidade. Gosto deste poema.
Beijos.

Politikus disse...

Já conhecia. Gosto do poema, assim como costumo gozar com o nome. Uma gaiola de vidro chama-se aquário... hehehe
PS - Desculpa a piada de mau gosto.

Fatyly disse...

Tal e qual e sempre que leio este poema dá-me que pensar!

Beijos e um bom serão