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Há uma mulher que desenrola os seus cabelos nas sílabas
E perfuma-as com o odor da sua lenta vulva
Ela tanto pode ser uma fêmea da lua com uma rapariga solar
Nas suas ancas ondula um indolente Outono e nos seus seios desponta a primavera.
Eu vejo-a e não a vejo na brancura da página
porque ela flutua vagamente na distância como uma lua no meio-dia
Mares bosques clareiras fontes em delicadas e delgadas linhas
Flúem com o fulgor dessa mulher azul
As palavras caminham com o ritmo fresco dos seus pés descalços
Sobre uma praia fulva de conchinhas brancas
O seu hálito doce embriaga as leves sílabas
E a doçura do seu lábio impregna as frases nuas
Ela é a presença ausente corpo de aragem viva
E a sua felicidade é tão vaga como vaga a sua longínqua imagem
António Ramos Rosa
Imagem retirada do Google
4 comentários:
Lindas as palavras ondulantes desta mulher/imagem!
Beijos
Gostei do poema. Adorei a foto...
Um hino à mulher e achei-o lindissimo!
Beijocas
Lindo de morrer.
Beijos e Boa Páscoa.
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