quinta-feira, abril 29, 2010

Até ao fim do mundo



Era pedra e sobre essa pedra
Ergueu-se o templo do amor atroz.
Ele de fogo, ela a cordeira
Toda cordura chamando o algoz.

Sangram as tubas: Inês é morta!
Em meigo mito transmuta-a o pranto
Do ermo amante que erra sozinho
No seu deserto de diamante.

Nem ar sangrento buscam seus olhos
Do corpo amado desfeitas pérolas;
E como fera coro os ossos
Da formosura que ao alto o espera

E em desatino da paixão lusa,
Perdida a alma que em Inês tinha,
O fim do mundo ficou esperando
Aos pés da morta, sua rainha.

Natália Correia

Imagem retirada do Google

2 comentários:

Fatyly disse...

Não conhecia este poema mas a última quadra diz tudo sobre "a garra" que Natália tinha!

Gostei imenso!

Beijocas e um bom dia

Politikus disse...

O verdadeiro AMOR. Pedro e Inês...
Adorei.