quarta-feira, abril 29, 2009

Poema anti-chuva



Detesto a chuva,
Detesto poemas sobre a chuva,
Detesto a purificação da alma
Que leio nos poemas sobre a chuva.
A mim...
A chuva molha-me,
Cola-me a roupa ao corpo,
Provoca-me constipações.
Nunca me purificou a alma!
Mas já enlameada,
Me conspurcou o corpo.
Detesto os lugares comuns escritos sobre a chuva...
Em dias de chuva refugio-me nos lugares comuns:
Debaixo de varandas, entradas de prédios e cafés
Evitando assim ser baptizada, limpa e purificada
Pela água suja e fria que cai dos céus.

Encandescente, in"Palavras Mutantes", pág.32, Edições Polvo

Imagem retirada do Google

4 comentários:

Fatyly disse...

Encandescente sempre surpreendente e precisa nos seus poemas.

Como gosto de ler e reler os seus livros:)

Beijocas e um bom dia

Paula Raposo disse...

Geralmente estou de acordo com a Encandescente. Esta é mais uma. Nunca gramei a chuva...beijos.

peciscas disse...

Mais uma bela criação da Encandescente.
Embora eu não desgoste de todo da chuva.
E, por coincidência (ou não) , hoje está a chover.

Vigilante disse...

Gostei do blog e do texto.

Os meus parabéns pelo blog.