quinta-feira, maio 29, 2008

Cala-te ...



Cala-te, voz que duvida
e me adormece
a dizer-me que a vida
nunca vale o sonho que se esquece.

Cala-te, voz que assevera
e insinua
que a primavera
a pintar-se de lua
nos telhados,
só é bela
quando se inventa
de olhos fechados
nas noites de chuva e de tormenta.

Cala-te, sedução
desta voz que me diz
que as flores são imaginação
sem raiz.

Cala-te, voz maldita
que me grita
que o sol, a luz e o vento
são apenas o meu pensamento
enlouquecido….

(E sem a minha sombra
o chão tem lá sentido!)

Mas canta tu, voz desesperada
que me excede.
E ilumina o Nada
Com a minha sede.

José Gomes Ferreira

Foto:Manuel Holgado

4 comentários:

Fatyly disse...

...e a vida é feita de NADAS que cada vez mais deveremos valorizar e não entrar numa espiral de pensamentos enlouquecidos.

Cada vez que leio este poema aparecem novas forças:)

Beijos e um bom dia

Paula Raposo disse...

E esta é a voz desesperada do Poeta!!!

Special K disse...

Pelo menos que a voz dos poetas nunca se cale.
Um beijo

P.S.
hxixi: eu bem digo que às vezes estas letrinhas dão coisas bem hilariantes.

peciscas disse...

Inconfundível o estilo do Zé Gomes, um dos poetas maiores da minha juventude.