terça-feira, maio 13, 2008

Em Louvor da Promiscuidade



Quem tem de amor,
físico amor, ideia
que os olhos não possuem qual amor façamos
e que ele não vive do que os outros façam
ante os curiosos olhos com que bebamos
o ritmo das ancas como as formas
enlaçadas por mãos e pernas, sexos e bocas,
de pudicícia desastrada e matrimónica
com prostituta ou esposa. ou vive
de imaginar paixões por um só corpo
que não são mais que tê-lo tido e o hábito
de continuar a tê-lo. amor-amor
é uma outra coisa, mas não isto
nem o prazer que é feito de um prazer alheio
feito só de prazer sem pensamento
- que no promiscuo amor o imaginar
é só imaginar-se o que varia em acto.

Jorge de Sena

Foto:Paul Bolk

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Mais uma excelente escolha com que nos brindas! Um poema belo com uma foto à altura! Beijos.

Delfim Peixoto disse...

FOi bom reler
bj

Fatyly disse...

Não conhecia e foi bom ter posto a leitura em dia:)

Beijocas

Special K disse...

Pois nem sempre sexo e amor coincidem. Não conhecia este poema do Jorge de Sena.
Bjks