domingo, agosto 13, 2006
Uma voz na pedra
Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.
António Ramos Rosa
Foto:José Marafona
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4 comentários:
Wind,
É sempre um prazer passar por aqui, e mais o é depois de uns tempos afastado deste mundo virtual (muito real).
:)
Beijos
ola
que frase uauau "sou alguem q espera ser aberto por uma palavra" adorei................
beijinhos
Esperemos que oiças essa palavra pela voz que te encontrar na pedra
Outra excelente imagem para um poema notável do ARR. "Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra": é um dos tais versos que eu muito gostaria de ter escrito :)
Beijos.
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