sexta-feira, agosto 11, 2006
O homem de cinquenta anos
Do berço ao esquife
distam cinquenta anos,
depois começa a morte.
Tornamo-nos imbecis, embrutecemos,
tornamo-nos labregos, desleixamo-nos
e os cabelos vão para o diabo.
Também os dentes damos por perdidos
e em vez de, em deleite,
apertarmos uma moça contra o peito,
lemos um livro de Goethe.
Mas uma vez mais, antes do fim,
quero ter uma dessas pequenas
de olhos claros e caracóis encrespados,
tomá-la nas minhas mãos,
beijar-lhe boca, seios e face,
despir-lhe saia e calcinhas.
E depois, em nome de Deus,
a morte pode levar-me. Ámen.
Hermann Hess
Foto:Gianni Candido
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4 comentários:
Gosteimuito do seu blog
Só um homem poderia ter tal visão dos 50 anos! Também os tenho e sinto-me ainda bem longe da morte pois ainda me falta fazer tanta coisa!
No entanto gosto bastante do Hermann Hesse particularmente do Lobo das Estepes.
Um abraço
Teresa David
Um dia também gostava de fazer destas fotos, ao ver estas me sinto pequeno
Isso era o homem de cinquenta anos no tempo do Hesse. Ou na ideia do Hesse :)
Quando tinha cinquenta anos, acho eu...
Beijo, Wind.
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