domingo, junho 25, 2006
Vénus Anadiômene
Como de um verde túmulo em latão o vulto
De uma mulher, cabelos brunos empastados,
De uma velha banheira emerge, lento e estulto,
Com déficits bastante mal dissimulados;
Do colo graxo e gris saltam as omoplatas
Amplas, o dorso curto que entra e sai no ar;
Sob a pele a gordura cai em folhas chatas,
E o redondo dos rins como a querer voar...
O dorso é avermelhado e em tudo há um sabor
Estranhamente horrível; notam-se, a rigor,
Particularidades que demandam lupa...
Nos rins dois nomes só gravados: CLARA VENUS;
– E todo o corpo move e estende a ampla garupa
Bela horrorosamente, uma úlcera no ânus.
Arthur Rimbaud(trad. Augusto de Campos)
Imagem daqui
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2 comentários:
Parece-me uma tradução bastante interessante e que eu desconhecia. Fico mais culta quando te visito.
Aproveito para te agradecer as fotografias, que com tanto empenho e esmero, tiraste ontem durante o nosso jantar. Gostei que tivesses ido. E...lololol Beijos, Isabel.
Essencial Rimbaud.
Beijo, Wind.
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