quarta-feira, junho 07, 2006
Loja (Canção do Cachorro)
Chibos interesseiros. Intrujas manhosos.
Bacanos desorientados à espera d’algo, sem saber o quê ao
certo,
mas com a certeza de que o saberão quando a cena finalmente
surgir.
Miúdas que quase que fazem uma mamada em troca de um algodão.
Quase que fazem, o caralho, fazem mesmo.
Caras e corpos de 40 anos que na verdade viveram apenas metade desse tempo.
Barracas impregnadas com aquele ar nauseabundo.
Muletas ligaduras hematomas sangue coagulado.
O cheiro, não se consegue disfarçar o cheiro.
Surgem vozes de todo o lado:
-"Boa branca", "boa castanha", "Serenal", "Paxilfar",
"prata", "bombas", "amoníaco", "sai do meio da rua e encosta à parede!",
"Filha da puta do carocho só faz é merda"!!!
Vai fechar a loja mas o puto não comprou nada,
Não comprou nada,
Não comprou…
São duas da manhã mas a loja tá aberta, como sempre.
Seja natal ou fim-do-ano, o negócio não pode parar,
não consegue parar, e por isso, logicamente não vai parar.
(Disponível num centro perto de si)
Dinheiro puxa dinheiro como vício puxa vício…
Enquanto houver gente a comprar, vai haver gente a vender,
enquanto houver gente a vender, vai haver gente a comprar…
O bicho já apanhou mais de metade dos consumidores,
mas sabes bem que a fruta dos contentores dá moca e tira as dores
faz voar sem sair do chão e afinal de contas quem é que não
gosta da sensação da…
-"Boa branca", "boa castanha", "Serenal", "Paxilfar",
"prata", "bombas", "amoníaco", "já te disse para saíres do meio da
rua e encostares à parede!",
"Filha da puta do carocho só faz é merda"!!!
Vai fechar a loja mas o puto não comprou nada,
Não comprou nada,
Não comprou…
Da Weasel
Imagem daqui
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